Ouvir aqueles que já lá estiveram e nada fizeram


Vão estar 19 homens e duas mulheres à volta da mesa. Há treze contra a TSU, quatro a favor e quatro indecisos

O Presidente da República vai falar ao país sexta-feira, logo a seguir ao Conselho de Estado. Como aconteceu no dia 31 de Março de 2011. Com o PEC IV chumbado pelo PSD de Passos Coelho e o país à beira da bancarrota, Cavaco Silva reuniu os conselheiros no Palácio de Belém às cinco e meia da tarde. O encontro demorou menos de três horas. Os conselheiros saíram e Cavaco Silva ficou 20 minutos a sós com José Sócrates, num último encontro com o primeiro-ministro socialista.
Pouco depois, o Presidente da República falou aos portugueses para anunciar o inevitável. O governo já tinha caído e a solução passava pela marcação de eleições legislativas. Assim foi. No dia 5 de Junho do ano passado os portugueses, já com o Memorando assinado com a troika, foram às urnas dar a vitória a Passos Coelho e ao PSD. O novo governo PSD/CDS estava em marcha.
Um ano e meio depois a História não é igual, mas tem aspectos em comum. O país vive uma crise política profunda, as manifestações de sábado mostraram que o executivo perdeu uma parte do seu eleitorado e já há quem comece a pensar que a coligação acabou. Cavaco Silva, depois do tsunami provocado pelo anúncio de Passos Coelho no dia 7 de Setembro sobre a redução da TSU para as empresas a ser paga pelos trabalhadores, começou de imediato a desempenhar a grande velocidade o seu papel de árbitro. Com a coligação em perigo e a população na rua, o Presidente da República convocou o Conselho de Estado para sexta-feira, dia 21, às cinco da tarde. Com uma novidade. O mentor da ideia de baixar a TSU, o controverso ministro de Estado e das Finanças, Vítor Gaspar, vai explicar aos 20 colegas de reunião quais são as vantagens da medida que Passos Coelho anunciou no meio da quinta avaliação da troika. E, naturalmente, irá encontrar à sua volta uma maioria de pessoas que não vai, de certeza, perceber como é que o emprego vai aumentar e o consumo não vai cair a pique com uma brutal quebra do poder de compra dos portugueses.
Cavaco Silva falará logo a seguir aos portugueses. Não para anunciar a demissão do governo e a marcação de eleições, mas para tentar pôr água numa fervura que ameaça implodir o país. E pedir os consensos políticos e sociais que permitam a aprovação no parlamento do Orçamento de Estado de 2013. Dia 21 de Setembro de 2012 será mais um dia D para o Presidente da República. Como o foi o célebre 31 de Março de 2011.
Fonte: iOnline

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