Passos virou poeta, lembrando Camões



O primeiro-ministro citou hoje "Os Lusíadas" para defender que, apesar de não poder ser subestimada «a corrente em que o navio português foi posto», há «ventos favoráveis a soprar» nas velas.

Numa homenagem a Adriano Moreira no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), em Lisboa, onde o primeiro-ministro foi vaiado à saída por um grupo de estudantes, Passos Coelho usou em pleno século XXI uma obra do século XVI, "Os Lusíadas", para falar da situação do país.
Passos Coelho disse que tendo em conta o «muito que se diz sobre a situação atual do país» e a dimensão das «dificuldades», por vezes parece que Portugal se encontra «naquela situação descrita nos 'Lusíadas' a propósito da frota portuguesa que cruzava o Oceano Índico, depois de já ter percorrido um longo caminho, mas ainda sem avistar a Índia».
Citando Camões, o primeiro-ministro declarou: «'Daqui fomos cortando muitos dias/Entre tormentas tristes e bonanças/No largo mar fazendo novas vias/Só conduzidos de árduas esperanças./C'o mar um tempo andámos em porfias/Que, como tudo nele são mudanças/Corrente nele achámos tão possante/ Que passar não deixava por diante'».
Camões fala da corrente que arrasta para trás, Passos preferiu falar dos ventos que empurram para a frente.
«Se é certo que não podemos subestimar a corrente em que o navio português foi posto, até porque estamos todos os dias a sentir dolorosamente a sua força, também temos de reconhecer que há ventos favoráveis a soprar nas nossas velas», defendeu.
«E serão ventos mais favoráveis quanto mais firmes, quanto mais hasteadas, quanto mais resistentes forem as nossas velas: as velas da nossa economia, das nossas leis, das nossas instituições; mas também da nossa vontade e da nossa determinação», concluiu o chefe de Governo.Ouça aqui:
Fonte: TSF

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