Não acaba o mundo, não esquecer que a riqueza é criada pelos privados


A Organização Internacional do Trabalho (OIT) está preocupada com os efeitos das sucessivas medidas de austeridade sobre a administração pública portuguesa. Um livro, prestes a ser publicado, alerta para as consequências que os cortes sucessivos nos ordenados e a diminuição de funcionários estão a ter sobre os serviços públicos. O estudo com o título "Public Sector Shock: The impact of policy retrenchment in Europe", retrata uma Europa que desvaloriza cada vez mais os funcionários públicos.
A TSF teve acesso ao estudo assinado por um economista da OIT, Daniel Vaughan-Whitehead, e uma série de especialistas de vários países.
A organização diz que ser funcionário público significa cada vez mais cortes nos salários e ordenados, que caem mais do que no privado, num fenómeno particularmente visível em Portugal.
Uma notícia publicada há dias no site da OIT relata mesmo o caso de uma funcionária pública do Porto que perante tantos cortes decidiu pedir licença sem vencimento e ir trabalhar para a Suíça nas limpezas, onde ganha o dobro do ordenado.
À TSF, Daniel Vaughan-Whitehead explica que acredita que estamos perante a "ponta do iceberg". O estudo da OIT retrata um cenário em que os funcionários públicos portugueses estão entre os europeus mais atingidos pelas medidas de austeridade.
Daniel Vaughan-Whitehead sublinha também que todas as promoções foram congeladas ou limitadas e os cortes nos salários significam que não é possível ligar os salários à performance dos funcionários públicos. Em Portugal, os ajustamentos do Estado pararam a reforma da administração pública e aquilo que se está a aplicar «não vai gerar trabalhadores mais qualificados e motivados».
Os funcionários públicos são cada vez menos, o volume de trabalho aumenta e os salários, pelo contrário, diminuem, destaca o economista.
A Organização Internacional do Trabalho sublinha que ter um emprego na função pública já não é seguro. Em Portugal, o desemprego dos professores, por exemplo, triplicou em apenas dois anos.
Daniel Vaughan-Whitehead acrescenta que o país revela um «dramático aumento dos funcionários públicos com contratos a prazo», bem como um poder de compra que caiu mais entre os funcionários públicos do que no privado.
Por tudo isto, a OIT deixa o alerta: a prazo, tantos cortes vão por em causa os serviços prestados pelo Estado.
Fonte:  TSF

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