O Estado português concedeu em 2011 benefícios fiscais de quase mil
milhões de euros a 40 empresas, segundo dados publicados pelo Ministério
das Finanças.
No total, o Estado concedeu no ano passado benefícios fiscais em sede de
IRC a perto de 11 mil empresas (10.834), num total de 1370 milhões de
euros, o que representa quase um quinto do défice de 2011. Assim, 0,37%
das empresas com benefícios fiscais arrecadaram 972,7 milhões de euros, o
que corresponde a 71% do total concedido.
Na lista
disponibilizada, destacam-se claramente duas empresas, a Livermore Lda e
a Aljardi SGPS, com benefícios fiscais de respectivamente 217 milhões e
160 milhões de euros. Seguem-se a Itasant, a Broadshit Gibraltar e a
Malpensa, com benefícios de respectivamente 78,3 milhões, 76,3 milhões e
48,4 milhões de euros. Estas cinco empresas recebiam estes benefícios
por terem sede na Zona Franca da Madeira.
A Livermore é uma sociedade unipessoal com actividade na consultoria de serviços, segundo a informação dos directórios on-line de empresas, onde não se identifica o seu proprietário. A Aljardi é uma holding do Grupo Santander com actividade na finança e seguros.
A
Itasant é uma gestora de participações sociais também unipessoal,
enquanto a Malpensa e a Broadshit Gibraltar são ambas consultoras – a
primeira de serviços e a segunda de projectos.
As primeiras 22
empresas da lista de beneficiários de IRC em 2011 têm na sua esmagadora
maioria sede na Zona Franca da Madeira, com três excepções: PT Ventures
(do grupo PT), Portucel e o Banco BPI, com benefícios de respectivamente
40,2 milhões, 27,7 milhões e 16,3 milhões. Algumas delas deixaram
entretanto este centro de negócios.
Nos lugares seguintes surgem
algumas grandes empresas nacionais: a Autoeuropa (23ª, com quase oito
milhões), a PT (24ª, 7,9 milhões), ou Celbi (26ª, com 7,3 milhões). A
Lactogal está em 33º (5,6 milhões) e o BCP em 38º (4,9 milhões).
O
Governo está obrigado desde 2011 a publicitar até ao fim de Setembro,
uma lista com as empresas que tiveram benefícios fiscais e respectivos
montantes, lembra o Diário Económico, que hoje fez manchete com
os benefícios fiscais às empresas. No entanto, só este ano é que essa
obrigação foi cumprida, não havendo no Portal das Finanças informação
relativa a 2010.
Os 1370 milhões de euros atribuídos em
benefícios fiscais às empresas representam 18,86% do défice de 7262
milhões de euros que o Estado teve no ano passado (4,2% do PIB, segundo
foi comunicado a Bruxelas), conseguido apenas com recurso a uma medida
extraordinária.
Fonte: PUBLICO.PT
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