Director da divisão de estratégias de desenvolvimento da UNCTAD diz que a
redução dos impostos às empresas seria "a coisa mais estúpida" e
defende que "a austeridade é um desastre".
A Agência das Nações Unidas para Comércio e Desenvolvimento (UNCTAD)
mostrou-se esta terça-feira contra o aumento de impostos em tempos de
crise e chegou mesmo a aconselhar uma redução das contribuições das
famílias para reduzir as desigualdades e estimular o consumo.
"Não
aumentaria os impostos num momento de recessão, não é uma boa ideia
aumentá-los, excepto talvez em certas taxas desde que não tenham impacto
sobre a procura", disse o director da divisão de estratégias de
desenvolvimento da UNCTAD, Heiner Flassbeck, numa conferência de
imprensa.
Heiner Flassbeck explicou que a redução dos impostos
às empresas seria "a coisa mais estúpida", e que "os negócios não são
determinados por impostos, mas pela procura", pelo que defendeu um corte
de impostos às famílias já que esta medida "seria sim um grande
benefício para as empresas e os Governos".
De acordo com o
documento da UNCTAD, as políticas de austeridade "não conseguiram gerar
crescimento económico", e acrescenta que "é claramente o caminho errado.
"A austeridade é um desastre", disse Hiener Flassbeck enquanto defendeu
o estímulo como "a única maneira de sair da crise".
Neste
sentido, Flassbeck defendeu a necessidade de os Governos gastarem
dinheiro, principalmente através de políticas activas para melhorar o
mercado de trabalho e capazes de reduzir as desigualdades, pois, caso
contrário, diz que a economia entrará em "colapso".
O
responsável da UNCTAD, que apresentou o Relatório sobre Comércio e
Desenvolvimento 2012, prevê um crescimento económico global de 2,3% este
ano, quatro pontos a menos do que o crescimento registado em 2011.
A
UNCTAD criticou no seu relatório anual a concentração da riqueza em
poucas mãos e afirmou a necessidade de intervenção do Estado, através de
políticas fiscais e laborais para inverter esta tendência.
Fonte: Renascença
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