Já os algarvios que vivem no Algarve não têm para onde fugir - estão
presos. E mesmo aqueles que têm para onde fugir, porque é que hão-de
fugir, se estão na terra deles?
Um leitor algarvio, doente oncológico que mora a 4 quilómetros de
Almancil, escreve-me a contar que durante o mês de Agosto há tantos
turistas que é impossível estacionar o carro para ir à farmácia. Nos
supermercados é raro haver pão fresco, água engarrafada e alimentos para
os animais.
Ele não tem nada contra os turistas que gastam dinheiro no Algarve mas
insurge-se contra aqueles que vão para lá fazer poupanças, trazendo de
casa "tanto o bacalhau como as batatas".
Porque é que não há lugares de estacionamento para pessoas doentes e
para moradores? Porque é que não há uma caixa para os habitantes locais?
Desde quando é que é justo que os turistas que passam lá pouco tempo
tenham os mesmos direitos do que as pessoas que lá vivem todo o ano?
É esta a pergunta que tem de ser feita. A multidão de turistas queixa-se
da multidão mas já sabe ao que vai e, de qualquer modo, pode ir para
outro lugar - ou voltar para casa. Já os algarvios que vivem no Algarve
não têm para onde fugir - estão presos. E mesmo aqueles que têm para
onde fugir, porque é que hão-de fugir, se estão na terra deles?
Os habitantes têm direito de passar à frente dos turistas? Há bons
argumentos de ambos os lados. Eu acho que têm, até por serem clientes
durante todo o ano. Qual é o turista que nunca sentiu o desconforto de
estar a atrasar a vida às pessoas locais? Não seria desculpabilizador
fazer bicha com outros turistas e tentar minimizar o incómodo que
causamos à população local? Estamos muito atrasados. Fonte: PÚBLICO
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