Pobreza? Tenham decência, nem sabem do que estão a falar. Tenham decência, nem sabem do que estão a falar Quem teve de viver na miséria, na diferença racial, como eu vivi, ou que
se viu forçado a recomeçar do nada sabe o cuidado, o recato, a
ponderação exigíveis quando se mexe em dignidades esfrangalhadas
Descendo de famílias pobres e de secular tradição emigrante. Do
lado paterno, o católico, a ascendência resulta da miscigenação entre
árabes sírios e autóctones moçambicanos. Do lado materno, o islâmico, a
ascendência vem de indianos gujarate (de provável ancestralidade
paquistanesa) e mestiços de cruzamentos entre originários do Índico e
autóctones moçambicanos.
Depois de ter sido acolhido na Casa dos Rapazes, em Lisboa,
acabei por ir viver com a família numa barraca no Vale do Jamor, num
meio muito marcado pela africanidade mestiça e negra.
Fui prosseguindo os estudos até que me vi com um certificado
de doutoramento. Como prémio, recebo 1.495 euros de uma bolsa de
pós-doutoramento da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), pago
mensalmente cerca de 500 euros pelo colégio do meu único filho (nisto
vivo acima das minhas possibilidades), pago também mensalmente
243 euros à Caixa Geral de Aposentações e um Plano de Poupança Reforma
de 150 euros. Mais os gastos do dia-a-dia. Vivo, portanto, numa
invejável abundância financeira. Em 2013 tive ainda de suportar a viagem
de trabalho a Moçambique, como havia feito no tempo das pesquisas para o
mestrado. Se a vida não me der muito mais, dará certamente à
minha descendência. Sinto-me moralmente obrigado a agradecer aquilo que
Portugal permitiu que fosse fazendo por mim mesmo.
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« Todo o orgulho é pouco, populismo todos tomam o que querem, sermos humildes é muito bonito, no entanto nem todos os de cá podem afirmar-se assim tão populistas.
O saber e o querer não é para todos, a sorte procura-se quando ela existe, as naturalidades portuguesas são como são, mas há uma coisa que me ensinaram, em bom português diz-se assim, a vida nunca me sorrio, neste caso a vida a este amigo sorrio mesmo, tenha muita sorte amigo, mas olhe que nem todos podem gozar dessa sorte, não se ponha em bicos de pés, talvez tenha havido uma força sobre natural que o tenha ajudado, o que o Sr. alcançou foi com o seu mérito, penso eu, mas não julgue os de cá como incapazes, porque não o são.
Conhece bem a sua terra Natal, e esse era um dos defeitos que eu lhe apontava, a falta de humildade, o ser sempre mais que os outros, ao fim e ao cabo a verdade não era essa, pelo contrário, influências, talvez! E de onde? De um sítio um pouco mais a sul, no passado.
Termino questionando, será que em Portugal não há pobreza e decência? Ou é preciso aparecer um experto ou a fazer-se disso para que a pobreza tenha desaparecido e ao mesmo tempo também a decência, tenha decência, porque se há quem não sabe do que fala, uma dessas pessoas é o senhor, e não seja mais papista que o Papa, porque o dia de amanhã ainda ninguém o viu, não haverá aí um pouco de algum protagonismo natural face a nós? Se é que se refere mesmo a nós, se não é a nós, então explique-se melhor e discrimine. »
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