Mais jovens com dificuldade em pagar taxas moderadoras São cada vez mais os jovens da classe média que pedem ajuda nos serviços
sociais da urgência do Hospital de Santa Maria, em Lisboa, e que
revelam dificuldades até para pagar taxas moderadoras.
"Temos
jovens casais que já estão a sentir dificuldade em vir a uma urgência.
Provavelmente estará a aumentar a dívida dessas prestações [taxas
moderadoras]. As pessoas dizem que vêm, mas não sabem como vão pagar a
vinda à urgência", relatou à agência Lusa a assistente social Argentina
Castilho.
Os pedidos de apoio domiciliário para a população
dependente também estão a aumentar naquele serviço, porque cada vez mais
as pessoas evitam faltar ao trabalho para cuidar dos seus familiares.
As
assistentes sociais da urgência do maior hospital do país deparam-se
com um crescente número de casos em que a alta clínica não coincide com a
alta social (o doente fica internado sem motivos médicos, mas por falta
de autonomia e de apoios).
"Há mais pedidos de resposta social.
Há um grande número de população dependente, quer física quer
cognitivamente e há muitas famílias a pedirem-nos apoio domiciliário",
disse Argentina Castilho.
Em causa estão situações, por exemplo,
de idosos que tinham uma vida autónoma e que após um episódio de
urgência ficam acamados ou dependentes para as suas tarefas mais
básicas.
Tradicionalmente, a família daria o apoio necessário, mas
atualmente essa resposta é praticamente inexistente, sobretudo porque
os familiares evitam ao máximo faltar ao trabalho, protelando a alta
social enquanto não é conseguido o apoio domiciliário, disse à Lusa
outra assistente social daquele serviço.
Este receio do absentismo
ao trabalho também é sentido pelos médicos no serviço de urgência, que
verificam uma maior afluência dos doentes menos urgentes no período pós
laboral.
Em 2012, registou-se um aumento de 18% de pedidos de ajuda.
No
que respeita aos casos que deram origem a abertura de processos, houve
um aumento de 8,9% em 2012, face ao ano anterior, para um total de
1.267.
Os pedidos de ajuda económica, nomeadamente para compra de
medicação, também estão a aumentar, embora não de forma tão
significativa como os pedidos de "orientação": que recursos têm, quais
os seus direitos e quais as respostas sociais disponíveis.
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