IRS corta mais de 40 euros por mês ao salário médio no setor privado As tabelas de
retenção na fonte de IRS para 2013 vão tirar mais de 40 euros por mês a
cada contribuinte que recebia em 2012 um salário líquido de cerca de 800
euros, o equivalente ao salário médio nacional.
Os dados do
Instituto Nacional de Estatística (INE) referentes ao rendimento médio
mensal líquido da população empregada por conta de outrém mostram que,
no terceiro trimestre de 2012, o salário médio líquido era de 805 euros,
um valor que em termos brutos corresponde a um salário médio mensal
bruto de cerca de mil euros, dependendo da situação de cada
contribuinte.
Para este nível de rendimento, e com base no
simulador da consultora PricewaterhouseCoopers (PwC) referente às novas
tabelas de retenção na fonte para 2013, é possível verificar que as
novas taxas vão retirar mais de 40 euros por mês a cada contribuinte.
No
caso de um casal em que ambos os cônjuges trabalhem no sector privado,
não tenham filhos, e ambos recebam um salário bruto de 1.018 euros, cada
um irá perder 45,94 euros face à aplicação das novas regras do IRS.
Em
2012 cada membro deste casal tinha um rendimento líquido mensal de
805,02 euros, mas segundo as simulações da PwC, em 2013, o salário
líquido de cada um será de apenas 759,08 euros.
Esta redução no
salário líquido acontece porque a taxa de retenção a que estavam
sujeitos em 2012 era de 10% e este ano será de 13,5% e porque em 2013 há
ainda uma sobretaxa de IRS de 3,5%.
Caso este casal opte por
receber metade dos seus subsídios em duodécimos, então, o seu salário
líquido mensal será de 822,34 euros, acima do que recebia em 2012, mas
nas férias e no Natal apenas receberá 50% dos respetivos subsídios.
Para
um caso de um casal na mesma situação, mas com um filho, e em que cada
um dos cônjuges recebesse em 2012 um salário bruto de 1.005 euros, a
perda mensal será de 44,96 euros.
Segundo os cálculos da PwC, este
casal em 2012 recebia um salário líquido de 804,45 euros, mas em 2013
apenas receberá 759,49 euros, por via do aumento da carga fiscal.
Se
o casal optar por receber metade dos subsídios de férias e de Natal em
duodécimos, o seu salário líquido será de 822,79 euros, acima do que
recebia em 2012, mas nas férias e no Natal apenas receberá 50% dos
respetivos subsídios.
Para estes níveis de rendimentos e aplicando
o mesmo raciocínio a contribuintes do setor privado que sejam solteiros
ou a situações de casais em que apenas um dos conjuges é titular de
rendimentos, a perda de salário líquido fica, na maioria dos casos,
sempre acima dos 40 euros.
As tabelas de retenção na fonte
publicadas na segunda-feira em Diário da República deixam em aberto a
possibilidade de as empresas aplicarem as novas taxas de retenção já aos
salários de janeiro ou de o fazerem só em fevereiro, mas compensando
nesse mês a não aplicação em janeiro.
Para o setor público a
aplicação das novas taxas vai depender de os salários já terem sido
processados antes ou depois da entrada em vigor das referidas tabelas.
Já no caso dos pensionistas, a aplicação das novas taxas apenas
acontecerá em fevereiro, uma vez que as pensões de janeiro já foram
pagas.
As novas tabelas de retenção reflectem o "enorme aumento"
de impostos previsto no Orçamento do Estado para 2013, que, entre outras
medidas, reduziu o número de escalões de IRS de oito para cinco, criou
uma sobretaxa de IRS de 3,5%, criou uma taxa adicional de solidariedade
de 5% para rendimentos superiores a 250.000 euros e determinou que a
taxa de 2,5%, já existente em 2012, se passasse a aplicar aos rendimento
superiores a 80.000 euros.
Com estas medidas, a taxa média efetiva de IRS deverá passar de 9,8% para 13,2%, um aumento superior a 30%. Fonte: JN
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