Armadores sim, donos de barcos não!


Armadores de pesca defendem redução de lotas para aumentar a concorrência Atualmente, existem mais de 60 lotas e portos de desembarque, mas o secretário-geral da ADAPI sugere que devem ser reduzidos para um terço.
A redução, acrescentou, seria acompanhada pela criação de uma rede de transportes climatizados, operados pela Docapesca, para garantir o transporte do pescado dos pequenos portos até às lotas centrais.
Os armadores alertaram também os deputados para a necessidade de reduzir o nível de fiscalidade, a fim de aumentar o rendimento das famílias “para que o mercado interno possa funcionar”.

Para quem conhece a pesca desde que nasceu, e a acompanhou durante mais de 40 anos, esta é mais uma das muitas que nunca resultaram, conhecendo armadores, barcos, pescadores e todas as estruturas no mar e em terra, não acredito que ao reduzir-se o número de lotas a concorrência comercial aumente.
Existe alguma actividade económica onde o produto é vendido por leilão? não conhece nenhuma! na pesca é assim, logo aí os armadores começam por estar nas mãos dos chamados compradores, e é essa a principal causa responsável pela crise no sector desde há mais de quatro ou cinco décadas.
Mas outra, quase sempre conheci donos de barcos e não armadores, e porquê? porque a actividade da pesca é uma actividade muito diferente de outra qualquer, e por isso carece de gente que a entenda e não de gente que apenas gostava de possuir um barco de pesca, e por vezes, da actividade nada percebia.
Há quarenta anos atrás, toda a gente comprava barcos de pesca, os padeiros, os médicos, e outros, hora essa gente de pesca e barcos nada entendiam, e o resultado, acabou a se desfazerem da actividade.
Mas há outra entre muitas, os armadores sempre se acomodaram à situação, nunca lutaram para a mudar, por exemplo, um barco sai para a faina, volta no outro dia, chega com o pescado e o senhor armador a única que se preocupa, e sempre foi assim , é chegar à lota e perguntar, quanto é que o meu barco vendeu?
Porquê, que não são eles próprios através de organizações de produtores a comercializarem o seu produto com preços por eles criados? e não dependerem dos tais compradores que se organizam e por essa via compram ao preço que mais lhes convém? acabando por serem eles a ficar com as mais valias que deviam ficar para os armadores e pescadores.
Um barco chega a uma lota, e traz consigo por exemplo x toneladas de um determinado pescado, esse pescado é vendido na lota a um euro o quilo, mas nós no mercado estamos a comprá-lo seis ou sete euros, o que ganhou o armador? e o pescador? esse então coitado nem vale a pena falar esteve sempre esquecido e cada vez mais esquecido, por isso as pescas estão no baú dos esquecimentos.
Mas é claro que isto carece de trabalho e organização, mas como a comodidade sabe melhor, será difícil a eles armadores mudarem.
Vão visitar aqueles países com desenvolvimento no sector das pescas, e lá aprenderão qualquer coisa.
Para terem futuro, comercializem vocês próprios, e não deixem o que vocês produzem nas mãos daqueles que os têm usurpado, desde há longas décadas, não se acomodem ao vosso escritório a esperar a resposta do valor que o barco vendeu, ao contrário disto as pescas serão sempre um enteado em relação a outras actividades da economia. Armadores sim, donos de barcos não!

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