Portugal já arde? - Opinião Foi uma semana em
cheio. Aquela em que o Governo assumiu o Estado de sítio ao receber
Merkel num forte e não na sede do Governo, para em sua augusta presença
jurar que queremos muito fazer do trabalhador português um alemão, e
que, portanto, os insultos mentirosos que a chanceler disse na terra
dela sobre os povos do Sul, e que a própria imprensa alemã desmentiu,
para o Executivo português são verdade e inspiração. Aquela de uma greve
geral em que o PM chamou cobardes aos grevistas, ao elogiar a coragem
dos que trabalham, enquanto reconhecia ter ficado surpreendido com a
brutalidade dos números do desemprego para logo nos sossegar com o facto
de ter "corrigido" as previsões: espera que ele suba mais, porque é
algo "por que temos de passar". Aquela em que Passos, ao discursar na
inauguração de uma fábrica que ardeu, a comparou ao país para nos
certificar de que não estamos enganados: temos um PM que sonha com uma
reconstrução radical a partir de escombros fumegantes, um glorioso
amanhã que cantará depois de todo o desemprego e pobreza todos por que
temos de passar até que, milagre, dos portugueses nasçam alemães - ou lá
o que é.
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