Um Orçamento para maior crise

Um país sem uma classe média estável está forçosamente condenado ao fracasso. Um Portugal sem classe média está condenado à estagnação e a um futuro retrocesso geracional.
Com o Orçamento do Estado que foi apresentado enfrentaremos a mais importante crise desde há 200 anos, uma crise económica, associada a uma crise financeira, acrescida de um estrangulamento fiscal. O resultado é “uma tempestade perfeita”.
Sem dúvida que o resultado final será extremamente negativo, com mais empresas a encerrar e mais desemprego, com a economia a ficar em total estado anímico que será quase impossível recuperar.
Dizem-nos que o “caminho é estreito”, que “não há margem de manobra”, que não precisamos de mais tempo, nem de mais dinheiro.
Será mesmo assim?!
Mesmo sendo “um caminho estreito” existem alternativas possíveis; sem perder o rumo podemos seguir etapas consistentes que não matem a economia nacional.
Num “caminho” que tenta resolver o problema do défice com uma solução à base de 80% na receita de impostos e 20% no corte da despesa, facilmente percebemos que de forma alguma a proporção está correcta. Que a receita final é dinheiro retirado abruptamente à economia, que vai asfixiar.
Mas também vemos que serão pagos 7,6 mil milhões de euros de juros, que a banca nacional possui 30 mil milhões de euros de dívida pública portuguesa. Será que nestes dois itens não há folga para negociar outros mecanismos que minimizem os custos em juros a liquidar e retirem os títulos de dívida pública da Banca Nacional abrindo caminho para a existência de crédito às empresas?
Sem financiamento bancário a nossa economia está a desfalecer dia a dia, também chegando os problemas às empresas dos sectores transaccionáveis como o têxtil, que estão com enormes condicionantes para poderem produzir. Não será possível aumentar as exportações nestas condições.
Sem empresas nem emprego, nem economia a funcionar, que se espera que seja o nosso futuro colectivo?
Lendo o Orçamento do Estado vemos que foi dada autorização para adquirir 17 mil milhões de euros (!) de dívida das empresas do sector dos transportes, para que possam ser privatizadas de seguida.
Sugerimos aos macroeconomistas que façam um exercício de simulação sobre qual seria o efeito destes 17 mil milhões de euros em crédito às empresas.
Espera-se que na discussão da especialidade se consiga fazer perceber que precisamos da economia a funcionar e que há meios para isso.
À beira do precipício, aguardam-se notícias. Fonte: iOnline

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