Olhando para as séries longas do INE, este é o período mais longo de
recessão em cadeia desde, pelo menos, 1995, ou seja em 17 anos. Mas a
duração anormalmente longa desta crise não fica por aqui. As séries
trimestrais publicadas no Boletim de Verão do Banco de Portugal permitem
recuar até 1978, primeiro ano para o qual existem dados do PIB
trimestral descontada a inflação. O resultado é o mesmo. Considerando a
evolução em cadeia da riqueza produzida trimestralmente, o ciclo
iniciado nos últimos meses de 2010 é o pior desde pelo menos 1978.
Nem na crise dos anos 80, quando houve a primeira intervenção do
Fundo Monetário Internacional (FMI) na economia portuguesa, a contracção
foi tão expressiva. Estes dados não surpreendem o economista Silva
Lopes para quem a recessão dos anos 80 é “pequena comparada com esta”. O
ex-ministro das Finanças admite até que a actual crise na economia
nacional possa até ser a pior desde o final do século XIX, embora para
este horizonte temporal só estejam disponíveis estatísticas anuais e não
trimestrais.
Na comparação homóloga, este já é o sexto trimestre com o PIB a
contrair, e também o período mais longo de retracção pelo menos desde
1996. A queda de 3,3% na riqueza produzida entre Abril e Junho deste
ano, face ao mesmo período de 2011, é a mais acentuada desde o primeiro
trimestre de 2009, quando por força da crise financeira internacional o
PIB nacional afundou 4,1% em termos homólogos.
O comportamento negativo da procura interna é o factor apontado pelo
INE para o agravamento da situação económica face ao panorama
verificado no primeiro trimestre deste ano.
Ainda não há dados detalhados sobre a evolução de cada componente no
segundo trimestre, mas Silva Lopes admite que a situação se volte a
degradar devido à subida do desemprego e ao efeito de medidas de
austeridade, como a suspensão do subsídio de férias dos funcionários
públicos e pensionistas. O economista não vê sinais de inversão desta
tendência. “Só se houver um milagre nas exportações”, o que não é
provável dado arrefecimento das economias europeias para as quais
Portugal exporta, com destaque para a Espanha – as exportações já estão
aliás a travar.
Portugal registou a segunda pior performance na União Europeia, só o
PIB grego caiu mais no segundo trimestre: 6,2%. Na Europa da zona euro,
a riqueza encolheu 0,4%.
Fonte: iOnline
Comentários
Enviar um comentário
Obrigado pelo seu comentário.