Na Grécia não há esperança, o nosso espelho

A ausência de uma solução parlamentar após as eleições de 17 de junho na Grécia poderá desencadear uma violenta explosão social que se arrisca a alastrar à região, considerou em entrevista à Lusa um ativista grego. 
"Na Grécia não há esperança, as pessoas não têm nada a perder e caso não seja garantida uma solução parlamentar existem fortes possibilidades de uma violenta explosão social que poderá conduzir a um banho de sangue", disse em entrevista à Lusa Giorgos Mitralias, 64 anos, um dos coordenadores europeus do Comité para a Anulação da Dívida do Terceiro Mundo (CADTM).  
"E uma explosão que pode ser exportada para fora das fonteiras gregas, é preciso não esquecer que estamos nos Balcãs", alerta o ativista, ex-jornalista da televisão pública ERT e da revista de economia "Courrier Financier", que se deslocou esta semana a Portugal para participar em encontros organizados por associações alternativas.
Na perspetiva de Mitralias, membro fundador do Comité grego contra a dívida, da campanha para uma Auditoria Cidadã da dívida pública grega e envolvido na fundação do partido Syriza -- a coligação de esquerda que disputa o primeiro lugar no escrutínio a par dos conservadores da Nova Democracia -- nenhum cenário deve ser excluído.
E a possibilidade de a Syriza vencer as legislativas de 17 de junho "sem excluir uma maioria absoluta", motivou segundo o ativista "uma avalanche de ameaças ininterruptas", todas com um denominador comum.
"'É preciso que os gregos votem bem', foi um dos recados. E outra das ameaças mais utilizadas é colocar a Grécia fora da zona euro. Mas os mesmos que nos ameaçam dizem que não é possível, porque não está previsto. Desta forma, aterrorizam-se as pessoas", sugere. 

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