«Burro velho não aprende línguas», é apenas um dos ditados populares que
a tradição impôs à gíria do dia-a-dia. Mas a questão que titula este
artigo é a mesma com que o Daily Telegraph iniciou a notícia que dedicou
ao estudo de uma universidade londrina, que pretendeu desmistificar a
imagem do burro como um animal «estúpido e teimoso».
O estudo
pertence à Escola de Estudos Orientais e Africanos da Universidade de
Londres, que promoveu uma série de conferências com base no diálogo
entre especialistas da área.
«Filho de burro não pode ser cavalo», é outro dos ditados, este quiçá menos famoso, presente na nossa cultura popular.
Ora, Ben Hart, membro da associação Santuário dos Burros e um dos
participantes nas conferências, colocou a relação do burro com o cavalo
como a principal «má interpretação» que os burros sofreram ao longo dos
tempos.
«O comportamento de um burro é mal entendido na
maioria das vezes principalmente porque é comparado ao comportamento de
um cavalo, em vez de ser visto como uma espécie à parte», defendeu, ao
destacar que, muitas vezes, o burro é encarado como «um cavalo pequeno
com orelhas grandes».
E terá sido essa interpretação do
burro a contribuir para «a reputação de serem teimosos». Para Hart, e
refutação desta ideia é possível «ao comparar o comportamento de burros
domesticados e selvagens».
Em Portugal, espécies como o burro mirandês estão em perigo de extinção.
A Associação transmontana para o Estudo e Protecção do Gado Asinino
(AEPGA) escreve mesmo que esta espécie «encontra-se em extinção na
generalidade do continente europeu», devido a causas como o abandono do
mundo rural e das práticas agrícolas outrora tradicionais, em que o
burro era utilizado.
Retirado de: Sol
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