O Movimento das Forças Armadas (MFA) derrubou o Governo de Marcelo
Caetano a 25 de Abril de 1974, pondo fim a 48 anos de regime ditatorial.
O objectivo do movimento dos capitães era acabar com a guerra
colonial, iniciada 13 anos antes, e prometiam eleições livres e um
regime democrático.
Até Novembro de 1975, procedeu-se à
descolonização. As colónias africanas tornaram-se países independentes -
Angola, Moçambique, Guiné-Bissau, Cabo Verde e São Tomé e Príncipe.
O
país viveu, até finais de 1975, o chamado Processo Revolucionário em
Curso (PREC), assistiu a várias tentativas de golpe, e elegeu uma
Assembleia Constituinte, em que o PS teve 37,8 por cento e o PCP 12,4
por cento.
Cronologia dos principais acontecimentos das movimentações do golpe que se transformou na Revolução dos Cravos.
24 de Abril de 1974
22:00
- No Regimento de Engenharia 1 na Pontinha é instalado o Posto de
Comando do MFA, onde a essa hora já estão seis oficiais, incluindo Otelo
Saraiva de Carvalho, que vai liderar as operações.
22:55 - As
operações militares começam. Uma das senhas, a canção "E depois do
Adeus", cantada por Paulo de Carvalho, é emitida pelos Emissores
Associados de Lisboa.
25 de Abril de 1974
00:20 - É
transmitida a canção Grândola Vila Morena, de José Afonso, no programa
Limite, da Rádio Renascença. Foi a senha escolhida pelos militares do
MFA para confirmar que as operações militares estão em marcha e são
irreversíveis.
A partir das 00:30 - Começam as operações para
ocupar os locais estratégicos considerados fundamentais no plano de
Otelo Saraiva de Carvalho, como a RTP, Emissora Nacional, Rádio Clube
Português (RCP), Aeroporto de Lisboa, Quartel-General, Estado-Maior do
Exército, Ministério do Exército, Banco de Portugal e Marconi.
03:45 - Primeiro comunicado do MFA difundido pelo Rádio Clube Português
05:45
- Forças da Escola Prática de Cavalaria de Santarém, comandadas pelo
capitão Salgueiro Maia, estacionam no Terreiro do Paço, em Lisboa.
09:00 - Fragata Gago Coutinho toma posição no Tejo, em frente ao Terreiro do Paço.
11:45 - O MFA anuncia ao país, através de um comunicado no RCP, que domina a situação de Norte a Sul.
12:30
- As tropas de Salgueiro Maia cercam o Largo do Carmo e recebem ordens
para abrir fogo sobre o Quartel da GNR, para obter a rendição de Marcelo
Caetano. No quartel estão, além de Caetano, mais dois ministros do seu
Governo. Vivem-se momentos de tensão no largo, onde centenas de pessoas
acompanham os acontecimentos.
15:30 - As forças de Maia chegam a disparar contra a fachada do quartel para forçar a rendição de Marcelo Caetano.
16:30
- Depois de expirar o prazo inicial para a rendição anunciado por
megafone pelo capitão Salgueiro Maia e de negociações, Marcelo Caetano
anuncia rendição e pede que um oficial do MFA de patente não inferior a
coronel se apresente no quartel.
17:45 - António de Spínola,
mandatado pelo MFA, vai negociar a rendição do Governo no quartel do
Carmo. É hasteada a bandeira branca.
18:30 - A chaimite Bula
entra no quartel e retira Marcelo e mais dois ministros, Rui Patrício e
Moreira Baptista. São transportados para o Posto de Comando do MFA, no
Quartel da Pontinha.
20:00 - Da sede da Rua António Maria
Cardoso, agentes da PIDE/DGS disparam sobre manifestantes que se
concentraram junto ao edifício. Registam-se quatro mortos e 45 feridos.
20:05 - É lida, através dos emissores do RCP, a Proclamação do Movimento das Forças Armadas.
26 de Abril
01:30
- É finalmente apresentada a Junta de Salvação Nacional, que inclui o
capitão-de-fragata Rosa Coutinho, coronel Galvão de Melo, general Costa
Gomes, brigadeiro Jaime Silvério Marques, capitão-de-mar-e-guerra
Pinheiro de Azevedo e o general Manuel Diogo Neto. Todos, excepto Diogo
Neto, são filmados pelas câmaras da RTP. Spínola lidera.
07:40 -
Marcelo Caetano, o Presidente Américo Tomás, o ministro César Moreira
Baptista e outros elementos do anterior Governo partem da Portela com
destino à ilha da Madeira.
09:45 - Rendição da PIDE/DGS.13:00 - Começa a libertação dos presos políticos de Caxias e Peniche.
Cronologia
elaborada a partir do livro A Fita do Tempo da Revolução (Ed.
Afrontamento), cronologia do Centro de Documentação 25 de Abril (Univ.
Coimbra) e Centro de Documentação da Agência Lusa.
Retirado de: Sol
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