Que abandono e vá embora, menos um má político europeu


A pergunta é tão clara quanto a resposta. «Se perder as eleições presidenciais abandona a política?» «Sim». A questão surgiu numa entrevista exclusiva para uma estação de rádio francesa, a RMC, e Nicolas Sarkozy surpreendeu o jornalista quando não esteve para rodeios nem hesitações, e respondeu imediatamente que sim.
Como quem teme não ter ouvido bem, o jornalista reformulou a pergunta duas vezes. Achando que já tinha sido claro o suficiente, Sarkozy voltou a insistir: «Já me fez a pergunta três vezes, e eu continuo a dizer 'sim’».
Apesar da aparente surpresa, esta não é, contudo, a primeira vez que o actual presidente francês dá conta desta decisão. No passado dia 23 de Janeiro, Sarkozy confessara ao jornal francês Le Monde que a possibilidade de derrota estava em cima da mesa e, caso isso acontecesse, o afastamento da política era o cenário mais óbvio.
Já nessa altura, Sarkozy não escondeu o seu desejo de levar uma vida mais calma, onde poderia «começar a semana à terça-feira e terminar na quinta-feira à noite». A idade também entra nas contas, já que, caso seja reeleito, deverá terminar o novo mandato em 2017, altura em que terá completado 62 anos.
A questão surge numa altura em que, a dois meses das eleições presidenciais, as sondagens dão vitória ao candidato socialista François Hollande (com cerca de 30% contra os 27% de Sarkozy) e a presidente do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, ganha terreno nas intenções de voto, com uma percentagem a aproximar-se dos 20 por cento.
A campanha ainda está em curso e a estratégia de Sarkozy parece ser enveredar por um discurso mais à direita, com vista a recuperar os votos de Le Pen.
A verdade é que os números não abonam em seu favor e, como tal, a decisão de afastamento em caso de derrota está tomada. Quem sabe se não é também uma estratégia para recuperar eleitores perdidos.
Retirado de:  Sol

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