Assim vai a Pérola do Atlantico "MADEIRA"


Alberto João Jardim vai ter de fazer grande ginástica financeira para conseguir garantir este mês o pagamento dos ordenados aos funcionários públicos do governo regional (26,5 milhões de euros), o pagamento de aquisição de bens e serviços (13,8 milhões de euros) e a liquidação de dívida à Associação Nacional de Farmácias (ANF) de quatro milhões. E para já, não tem dinheiro assegurado. Ontem, o governo de Jardim admitiu que pediu a antecipação das receitas fiscais de 30 milhões de euros ao governo da República, para pagar às farmácias, mas em cima da mesa tem mais contas urgentes para pagar que chegam a quase 45 milhões. Além disso, Jardim só assina o acordo para a regularização financeira, com o governo de Passos Coelho, na segunda-feira e é nessa semana que tem de garantir os salários dos funcionários públicos. Os sinais de dificuldades em assegurar o cumprimento dos compromissos são visíveis: o atraso no pagamento dos serviços de transporte médicos, o atraso nos pagamentos de ordenados no Jornal da Madeira, ou até o facto da equipa de hóquei em patins de Porto Santo já ter falhado duas jornadas do campeonato nacional, por falta de dinheiro para passagens aéreas. Fonte do gabinete de Jardim afirmou ao i, depois de questionado se há dinheiro para Janeiro: “Agora vivemos dia a dia, passo a passo”. Ao i, fonte oficial do Ministério das Finanças limitou-se a dizer “que as responsabilidades financeiras da Madeira têm de ser resolvidas pelo respectivo governo regional”.
O assunto voltou à praça pública depois de as farmácias terem deixado de dar crédito às comparticipações dos utentes por falta de pagamento do governo regional. O secretário regional das Finanças, Ventura Garcês, veio explicar que o atraso se deveu ao facto de o governo de Passos Coelho ter adiantado apenas 4,6 milhões de euros, dos mais de 30 milhões de receitas fiscais, que têm de ser pagas até 15 de Janeiro. E que a verba adiantada foi usada para pagar “juros de empréstimos devidos entre os dias 6 e 10 de Janeiro”.
A oposição acredita que Jardim não tem para já dinheiro para pagar salários. “Se eles fizeram este pedido, então é porque a situação está pior do imaginamos”, afirma o i o presidente do grupo parlamentar socialista na Assembleia Regional da Madeira, Carlos Pereira. O socialista suspeita que “o governo regional só vai conseguir pagar os 26,5 milhões de euros de ordenados quando receber as restantes verbas fiscais, e mesmo assim, com dificuldades”. Como a Madeira está a viver de duodécimos – por ainda não ter plano de resgate aprovado e por ainda não ter aprovado orçamento regional para 2012 – o arquipélago está a gastar entre 90 a 100 milhões de euros por mês, recordou o líder parlamentar socialista. Uma crítica acompanhada pelo líder do CDS-Madeira, José Manuel Rodrigues, que diz ao i que “o colapso financeiro da Madeira há muito que está anunciado”.
Alberto João Jardim, por seu lado, antecipando as palavras da oposição, criticou o “cinismo” do CDS e do PS em comunicado, referindo que o primeiro sabe que o governo “reteve receitas da região, contribuindo para a atitude das farmácias”, e acusando o segundo de estar “completamente desacreditado”. Com Lusa

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