Pode uma simples pesquisa no motor de busca Google ajudar o banco
central de um país a avaliar as futuras tendências económicas de um
país? Israel foi o primeiro país onde o banco central começou a olhar
para as pesquisas no motor de busca para procurar novos indicadores
económicos, e a tendência espalhou-se até aos organismos monetários da
Inglaterra, Espanha, Turquia e Chile, como conta a Businessweek.
“Quando
os bancos centrais olham para os dados tradicionais, estão
essencialmente a olhar pelo espelho retrovisor”, explica Erik
Brynjolfsson, conselheiro da Reserva Federal de Boston. As buscas na
internet por determinados produtos pode ajudar os organismos monetários a
prever abrandamentos, recessões, recuperações e bolhas especulativas,
segundo Brynjolfsson, que também é professor no MIT.
O estudo que
realizou em 2009, sobre a previsão de vendas de casas nos Estados Unidos
usando os dados de pesquisa do Google já foi citado em estudos por três
bancos centrais. “Se a Fed [banco central norte-americano] tivesse tido
acesso a esta informação, eles teriam conseguido fazer melhores
previsões sobre o que estava a acontecer no mercado imobiliário e saber
mais rapidamente a profundidade do problema”, afirma.
Hal Varian,
chefe-economista do Google, foi a primeira pessoa a olhar para os dados
de pesquisa e a questionar-se se estes serviriam de indicadores
económicos. Após realizar um estudo comparando os dados de pesquisa e os
dados tradicionais, Varian chegou à conclusão, em 2009, de que os dados
no serviço Google Trends foram mais precisos na venda de automóveis,
casa e retalho nos Estados Unidos.
No entanto, existem peritos que
recomendam precaução no uso dos dados, especialmente porque estes só
remontam a 2004.A professora Lucrezia Reichlin da London Business School
afirma que o “Google é sexy e pode vir algo daqui, mas é necessária
mais pesquisa”.
“Potencialmente, usar o Google pode ser
interessante, mas no momento as suas variáveis de previsão
macroeconómica não são de confiar”, defende, sublinhando que os dados
podem não reflectir aqueles que vivem mais “offline”, como os idosos e
os pobres.
No entanto, estas reservas não impediram seis bancos
centrais de começar a olhar para os dados, após um estudo do Banco de
Israel, que descobriu que a informação recolhida ajudou a prever
abrandamentos e recessões no país. Os dados estavam lançados e questões
como, “se mais pessoas procuram por carros, isto pode significar um
aumento das vendas?”, ou “um aumento na procura por subsídios de
desemprego é uma dica de que mais pessoas estão a perder empregos?”,
estão agora a ecoar na cabeça dos peritos dos bancos centrais de
Inglaterra, Espanha, Turquia e Chile.
Uma das grandes vantagens
do uso destes dados é que eles estão disponíveis imediatamente, entre um
a três dias depois, não sendo necessário esperar pelos indicadores que
costumam ser divulgados mensalmente.
Fonte: Dinheiro Vivo
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