António Borges disse hoje na Universidade de Verão da JSD, em Castelo de Vide, que "a situação
de bancarrota desapareceu" e que, pela primeira vez, "Portugal
está a viver dentro das suas possibilidades"
Otimista em relação
ao futuro, o ex-diretor do departamento europeu do FMI na altura em
que o país fez o pedido de auxílio financeiro considera que "o
programa de reajustamento está a correr melhor do que se pensava".
António Borges enalteceu o
crescimento mais rápido da poupança privada e pública (embora essa
quebra no consumo tenha como reflexo uma quebra fiscal), o facto de,
no fim deste ano, de acordo com o Banco de Portugal, a balança de
transações correntes estar já equilibrada e os dados que apontam
para que a dívida pública portuguesa se tenha tornado, de janeiro
até hoje, um ativo mais interessante para os investidores.
Apesar de alertar que
"ainda há muitas incertezas" e "dossiers difíceis à nossa
frente", a confirmar-se este trajeto, o consultor governamental
declarou em Castelo de Vide que será "um dos ajustamentos mais
rápidos dos últimos tempos" em casos de intervenção externa.
Rejeitando que seja necessário mais tempo ou mais dinheiro, António
Borges defende o "regresso à normalidade" para se poder voltar
aos mercados. Mas, como sucedeu na anterior vinda do FMI, em
1983-1985, "embora a maioria da população queira que o programa
se aplique, há sempre um combate entre o governo que quer tomar as
medidas do programa e os interesses instalados".
O professor de Economia não se mostrou
nada pessimista em relação à Europa, lembrando que se a última
década foi "péssima" para Portugal, revelou ser "ótima"
para países como a Áustria, a Polónia, a Finlândia ou a Suécia.
O espaço da UE está em transformação "e tem um potencial de
crescimento extraordinário".
Procurou ainda desfazer
dois mitos sobre a Europa. O primeiro é o de se estar a viver numa
profunda austeridade, quando o que se pretende é apenas "garantir
que os países tenham contas equilibradas". O segundo é que o
Estado Social "é demasiado caro e tem de se destruir". E
argumentou com os exemplos da Suécia e da Alemanha, que aliam as
"melhores performances económicas" com "os melhores sistemas
de proteção social". A questão, resume, é política: saber se
se quer pagar e se não se esbanjam os recursos.
A 10 ª Universidade de Verão da JSD
está a decorrer em Castelo de Vide até domingo, dia em que Pedro
Passos Coelho ali proferirá o seu discurso da rentrée
política.
Fonte: DN
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