Medina Carreira, ministro das Finanças do primeiro governo constitucional, defende que Passos Coelho deveria ter dois ministros a mais: um para o Estado Social, o elo mais fraco da actual crise, e outro para pensar Portugal estrategicamente. “Os direitos adquiridos deixam de existir se não houver dinheiro”, disse ao i. “Na minha opinião, o Estado social vai entrar em colapso daqui a seis ou sete anos se a situação se mantiver. Ou seja, se houver cada vez menos nascimentos, mais emigração e uma população a envelhecer a cada dia que passa, não é possível manterem-se os actuais níveis de protecção social.”
Escusando-se a comentar especificamente as recentes medidas adoptadas no âmbito da Segurança Social – “estamos a reduzir a democracia a mero paleio em vez de discutirmos os problemas de fundo” –, Medina Carreira defende, contudo, que é impossível fazer-se muito mais quando o país depende de “uma esmola periódica e ainda por cima sujeita a juros”.
Para um dos maiores críticos das finanças públicas portuguesas relativamente ao peso do endividamento e da despesa pública no produto interno bruto, não há forma de se fugir à austeridade, “restando-nos discutir pormenores. Ninguém tem uma solução muito diferente para o actual momento”.
A pergunta a fazer ao primeiro-ministro, defende também, não é quando esta crise acaba, mas sim “quando voltaremos a crescer a uma taxa de 3% ao ano, única forma de garantir mais emprego de uma forma sustentada”.
O economista diz que uma das soluções para o país passa pela atracção de mais investimento estrangeiro. E nessa perspectiva, acrescenta, “a reforma da legislação laboral deveria ter tido em conta a que existe nos países de Leste, como a Eslováquia, com os quais concorremos directamente neste campo”.
Medina Carreira refere ainda que o funcionamento da justiça, o licenciamento das actividades económicas, a corrupção e a burocracia são outros dos factores a travar o crescimento.
Retirado de: iOnline
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