O primeiro-ministro deu hoje à noite à TVI a sua primeira entrevista depois do Congresso do PSD. A conversa foi conduzida por Judite Sousa no Palácio de São Bento.
"2012 é um ano critico porque o ajustamento orçamental ocorre este ano. É natural que a economia contraia ainda um pouco mais. A nossa previsão de recessão é de 3,3% e foi confirmada há pouco tempo. Não temos razão para pensar que a recessão será maior que isso", afirmou Passos Coelho. Este valor faz parte do Orçamento Retificativo que será aprovado amanhã em Conselho de Ministros. "A partir do último trimestre a economia vai crescer", disse, acrescentado que "no próximo ano haverá uma ligeira retoma da economia".
"Portugal tem uma economia que tem vindo a contrair-se devido às medidas de austeridade. Estamos a viver das exportações, ora se os nossos parceiros estão em dificuldades é natural que isso se sinta. Não temos que acrescentar pessimismo apenas por prudência", disse ainda o primeiro-ministro, sublinhando que "para a troika o trabalho que estamos a fazer apontava no bom caminho e que o cenário macroeconómico deveria ser corrigido para 3,3%"
"A austeridade é indispensável para o país crescer, mas não é suficiente", rematou Passos Coelho, sublinhando ainda que "as medidas estruturais demoram mais a reflectir-se na economia, é verdade. Mas muitos agentes antecipam as suas decisões de investimento porque confiam nas medidas que estão a ser tomadas"
"O desemprego está associado ao quadro recessivo que estamos a viver. É maior chaga social que estamos a viver em Portugal (...) Os jovens deverão ser os primeiros a arranjar emprego após a retoma", disse o primeiro-ministro, acrescentando que, até lá, "os jovens portugueses devem procurar as melhores oportunidades", seja em Portugal ou no estrangeiro.
Quanto a mais medidas de austeridade, Passos Coelho, disse que "as medidas de austeridade são as que estão no orçamento". "Não posso jurar que não vou precisar de mais medidas, mas não temos nesta altura necessidade de encarar mais austeridade. O Orçamento Retificativo não inclui mais medidas de austeridade", declarou.
"A situação de emergência nacional não está ultrapassada, mas não vejo nenhuma necessidade assustar os portugueses", respondeu o primeiro-ministro, sublinhando porém que existem "riscos e temos que trabalhar todos os dias para cumprir as metas, mas neste momento não existe o risco de derrapagem das contas públicas". "Não vendo ilusões, mas poupo más notícias que são evitáveis", declarou.
Sobre uma flexibilização do resgate financeiro à troika, Passos Coelho sublinhou que "isso representava uma derrota muito grande". "Estamos a fazer tudo para cumprir o programa conforme ele foi organizado. Os resultados que estão a ser mostrados dão-nos alguma confiança no caminho que estamos a fazer.(...) Os investidores acham que a dívida portuguesa é um bom negócio".
"Portugal não vai pedir mais tempo para o programa de ajuda. Este resultado é duro para os portugueses. Eu não queria prolongar isto por mais tempo. Os sacrifícios são para todos. Todas as pessoas na Função Pública ficaram sem o 13.º e o 14.º mês. A exceções aos cortes foram decididos pelo anterior Governo, não por nós", reforçou o chefe do Governo, lembrando ainda que "as empresas também estão a fazer sacrifícios".
Sobre a polémica das 'rendas' das energia, Passos Coelho adiantou que estão a decorrer negociações para cortar nestes benefícios."Temos de garantir que os consumidores serão menos penalizados", afirmou.
No que diz respeito à inscrição do limite ao valor do défice na Constituição, Passos Coelho afirmou que "o Partido Socialista precisa de amadurecer esta questão da regra de ouro". "Eu já dei um passo de aproximação ao PS nesta questão. Eles querem que a regra seja não inscrita na Constituição, mas sim na Lei de Enquadramento Orçamental", referiu.
Num âmbito mais partidário, Passos Coelho referiu já ter escolhido os nomes que vão constituir a comissão de coordenação autárquica: Jorge Moreira da Silva, Pedro Pinto, Matos Rosa e Pedro Oliveira Pinto. "São estes os nomes que vou levar à comissão política da próxima semana".
Retirado de: DN
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